segunda-feira, 21 de novembro de 2011

As Sem Razões do Amor

Há muito tempo que não apareço por aqui, porém hoje eu to com o coração tão cheio de sentimentos bons que resolvi apenas deixar um dos belíssimos poemas de Carlos Drummond de Andrade para ilustrar tudo que está acontecendo aqui dentro.



Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A paixão através do Google Tradutor

Eu estava em Buenos Aires visitando o Hostel de um amigo, quando pedi para usar um dos computadores para acessar a internet.
Senti que alguém se aproximou, olhei e percebi que era um rapaz que iria utilizar o computador que estava ao meu lado, fiz uma cara simpática e logo fiquei encantada com os olhos verdes e o sorriso que se abriu pra mim no momento que sentou e disse: “Excuse me”
Fiquei sem reação, na hora pensei “Meu Deus, que homem lindo!”, mas continuei ali vendo meus e-mails, afinal, o cara era gringo e eu tenho sérios problemas com o inglês.
Olhei discretamente e percebi que ele também havia desviado o olhar, até que após alguns minutos ele disse:
- Can you help me?
Respondi um “Yes, of course” muito sem graça, pois não saberia conduzir a conversa.
Ele estava fazendo o cadastro para um cruzeiro que iria percorrer a América latina, e me perguntou quais eram os documentos que pediam na ficha de inscrição pela internet, já que no país dele só havia um único documento além do passaporte, e ele não sabia como preencher os números que faltavam no formulário.
É muito ruim você entender absolutamente tudo que uma pessoa fala em outro idioma e não conseguir responder com uma frase clara. Tentei várias vezes explicar, mas não saia do: “You can.... i have a... hunpf.. até que soltei um: Sorry, but i don’t know speak English, I only understand.
Me senti uma otária, eu sabia dizer que não conseguia falar inglês, mas não conseguia explicar pra ele o que precisava.
Sorrimos um para o outro e fizemos uma cara de lamentação depois do “thank you” dele.
Continuamos a digitar, cada um no seu computador.
Ele me chamou novamente. Sorriu e disse para eu olhar na tela do computador dele, vi o Google Tradutor aberto e dei risada, ele riu também, e disse: “Please...”
Fiquei com receio, mas abri o Google tradutor e finalmente consegui explicar tudo o que ele precisava. Terminadas todas as explicações, nos calamos.
Ele me cutucou e mostrou na tela do computador dele um: “qual o seu nome?” no Google Tradutor, nos olhamos e... Sorrimos. Continuamos a conversa, agora informalmente. Ele perguntava sobre mim e eu perguntava sobre ele, estava completamente apaixonada por aquele rapaz, até que descobri que ele iria embora de Buenos Aires aquele dia, no final da tarde. Quando percebemos isso lamentamos... silêncio.
Fiquei pensando como eu queria saber falar com ele... fiquei tímida com a situação toda, mas foi tão surreal quanto divertido.
Meu amigo chegou ao hostel e o meu amado gringo percebeu que era o momento da despedida, ele se levantou e veio até mim, disse que eu era muito legal e que pretendia conhecer o Brasil, eu só consegui responder um “Nice...” para ele aquele momento. Nos olhamos por 10 segundos em silêncio, eu me despedi, fui embora e pensei: foi a melhor paixão platônica de 1h que eu já vivi.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Malu de Bicicleta

Depois de receber três prêmios (Melhor Direção, Ator e Atriz) no Festival de Paulínia em 2010, Malu de Bicicleta estreia nos cinemas se mostrando uma comédia leve e inteligente sobre amor e ciúme. O filme é uma adaptação do livro homônimo, lançado em 2004 e escrito por Marcelo Rubens Paiva, que também assina a versão final do roteiro, com colaborações de Bruno Mazzeo e João Avelino. Por também ter escrito o roteiro, percebemos a linguagem peculiar da narrativa de Rubens Paiva, o que dá densidade ao enredo.



O novo filme de Flávio R. Tambellini conta a história de Luiz Mario (Marcelo Serrado), um empresário da noite paulista, mulherengo e solteiro convicto, que, apesar de se relacionar com inúmeras mulheres, não se envolve com nenhuma delas. Após ser quase esfaqueado por uma mulher que não aceita o abandono, ele decide passar alguns dias no Rio de Janeiro, onde é acidentalmente atropelado por Malu (Fernanda de Freitas), na orla carioca.



A partir daí, acompanhamos as mudanças ocorridas na vida de Luiz, que encontra o amor da sua vida e, aos poucos, se transforma em um ciumento paranóico. Podemos encontrar diversos pontos em comum com o famoso romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, já que o ciúme doentio de Luiz vai destruindo seu relacionamento aos poucos. Vale ressaltar também a participação da Marjorie Estiano no papel da amiga de Malu, que tem papel fundamental no desfecho da história.

O diretor não ousa nos enquadramentos e movimentos de câmera, mas apresenta uma história simples e bem contada. Os personagens são seu foco central e o casal protagonista dá conta do recado. Além do excelente elenco coadjuvante, que conta, entre outros, com Marcos Cesana, que morreu aos 44 anos em maio de 2010. Não espere soltar gargalhadas com o filme, pois as piadas são muito mornas e leves, diria até mesmo que são fracas, porém o filme vai além das comédias convencionais brasileiras, não tem pretensão de ser engraçado. A imersão psicológica feita no personagem vivido por Marcelo Serrado vale a nossa atenção. Estreou: 04 de fevereiro.



Malu de Bicicleta – 90 min
Brasil – 2010
Direção: Flávio R. Tambellini
Roteiro: Marcelo Rubens Paiva
Com: Marcelo Serrado, Fernanda de Freitas, Marjorie Estiano, Otávio Martins, Daniela Galli, Maria Manoella, Thelmo Fernandes, Dani Suzuki, Marcos Cesana

*Texto publicado (com poucas alterações) no site Cinema na Rede

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Balanço de 2010

Esse ano foi bem peculiar pra mim.
Fiz minha primeira viagem fora do Brasil, a minha primeira direção num projeto de Dramaturgia, mudei de casa, voltei com força total para o teatro, tive algumas paixões platônicas, chorei, gritei, enfrentei.
Foi um ano que Deus me reservou muitas surpresas, algumas agradáveis outras nem tanto.

Esse ano entendi realmente as responsabilidades da vida adulta, me forcei a ser mais racional do que sentimental (mesmo que isso as vezes não funcione), aprendi a fazer piada de mim mesma, e da vida, e assim fingir que a domino.

Conheci pessoas fantásticas que me acrescentaram muito, reencontrei outras por acaso, mas que também apareceram em um momento especial pra mim.
Tive momentos importantes no trabalho, na faculdade e na minha família. Vi pessoas próximas e queridas morrerem e outras engravidando e gerando novas vidas.

Percebi que meu esforço pode ser valorizado por pessoas que eu nem imaginava que poderiam reparar em mim.
Disse sim a coisas novas e mantive o não para outras que desviariam minha conduta.
Questionei as pessoas, o mundo e a mim mesma.
Recebi a vida de braços abertos e estou fechando o ano cheia de esperanças, sonhos e coisas boas no meu coração.

Acho que estou gostando dessa aventura que é viver, e estou torcendo para que nesse novo ano a minha vida vire sempre de ponta cabeça para me surpreender!

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Natalícias...

Quando eu era pequena, o meu natal era bem agitado, minhas tias, tios, primos e primas passavam o natal juntos na casa da Minha Avó. Eu era muito pequena mas sempre vi aquela magia do natal desmascarada, sempre entendi que o Papai Noel que chegava meia noite era minha avó disfarçada, anos depois, sabia que o Papai Noel da vez era minha mãe. Mas também nunca me importei com isso, eu era muito nova, tímida, calada, mas gostava da agitação, da família reunida, dos presentes, das piadas familiares... hoje sinto muitas saudades disso tudo.

Os anos foram passando, alguns faleceram, a família foi brigando e hoje a maioria não telefona nem para desejar um Feliz Natal ou perguntar como estamos.

Minha família se resume a minha mãe e meu pai (mesmo que os dois sejam separados desde que nasci).
No último natal tínhamos um agregado, o Sr. Antonio, que era noivo da minha mãe. Em 2010 Deus o levou e voltamos a formação inicial.
Pode parecer melancólico, mas hoje penso que as únicas coisas que não mudam na nossa vida são as bases, e por mais que a relação com os meus pais seja difícil, eles são a minha base, meu refúgio e meu abrigo.
Hoje jantamos juntos na mesa, oramos, ouvimos música, demos risada da minha mãe rindo à toa depois de duas taças de vinho, zoamos um com a cara do outro, falamos da vida com mais leveza, isso tudo depois de alguns anos seguidos cheios de brigas nessa data.

Estou feliz por tê-los mais um ano ao meu lado, e que juntos agradeceremos a Deus pelo nascimento de menino Jesus, esse sim, o verdadeiro dono da festa!
Não temos árvore da Natal, não temos presentes, não temos festa, mas temos uns aos outros, e isso é o que verdadeiramente importa.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

TOP FIVE - 2010

Melhores Espetáculos
"In On It" - Dir. Enrique Diaz
"Usufruto" - José Possi Neto
"Roberto Zucco" - Dir. Rodolfo Garcia Vasquez
"As três Velhas"" - Dir. Maria Alice Vergueiro
"Simplesmente eu, Clarice Lispector" - Dir. Beth Goulart

Melhores Filmes
"O Segredo dos Seus Olhos" - Dir. Juan José Campanella
"A Origem" - Dir. Christopher Nolan
"Tropa de Elite 2" - Dir. José Padilha
"Toy Story 3" - Dir. Lee Unkrich
"A Rede Social" - Dir. Christopher Nolan

sábado, 4 de dezembro de 2010

Vida de Atriz


Gabrielle Araujo e Denis Antunes em "Enquanto Só". Foto: Viviane Lamana

Nunca escondi de ninguém que minha grande ambição na vida sempre foi viver de arte, me dedicar a carreira de atriz e quem sabe viver apenas dela. E desde cedo eu sempre lutei muito por isso.
Acontece que a vida é um turbilhão de acontecimentos e reviravoltas, saí da minha formação teatral no SENAC em 2007 cheia de planos, de sonhos, querendo fazer e acontecer tudo ao mesmo tempo e agora. Acabei emendando a faculdade de Rádio e TV, conseguindo trabalhos na área e o teatro foi ficando com um espaço cada vez menor na minha vida.
Adivinhem?
Foi aparecendo aquela sensação de vazio, de que faltava algo, minhas relações pessoais ficaram cada vez mais conturbadas, entre tantas outras coisas que me faziam sentir mais sozinha nesse mundão. Parecia que ninguém entendia o que eu realmente queria.
Nesse tempo todo, nesse "hiato", de tanto querer, tanto procurar e correr, decidi me matricular na oficina do grupo Os Satyros esse semestre, na busca de pelo menos um suspiro de alívio. E no decorrer dos últimos meses tudo aconteceu de uma vez na minha vida.
Além de ter feito meu primeiro trabalho de teatro-empresa, tive a oportunidade de apresentar três espetáculos nas Satyrianas, fora curtas, projetos de vídeo, etc.
Pensei que não daria conta de tanta coisa, e caí no pensamento de que não era a melhor hora para entrar em tantos projetos assim, mas apesar de toda correria desse semestre, estou finalizando o ano feliz, com o mesmo frescor da minha formatura no SENAC, cheia de planos, ambições e perspectivas para o próximo ano.
E querendo cada vez mais que essa vida de atriz nunca acabe.